Ao lembrarmos dos nossos anos escolares e experiências acadêmicas, certamente, identificaremos como mais positivas aquelas que foram mais prazerosas e as quais conseguíamos acompanhar. Skinner (1968), já afirmava que a escola precisa estabelecer uma proposta de ensino que permita ao aprendiz caminhar em seu próprio ritmo e extrair sentido da proposta educacional. Mas, infelizmente, nem sempre é assim. Para um número significativo de pessoas, a vida acadêmica pode ser sinônimo de dificuldade, frustação e ansiedade.
De acordo com Batista e Pestum, 2019 “No cenário nacional, 30% a 40% dos alunos das séries iniciais têm alguma dificuldade no processo de aprendizagem. Esse dado representa 35% dos motivos de consulta aos pediatras e responde à 45% dos atendimentos de saúde mental no mundo. Aproximadamente 25% dos escolares apresentam dificuldades, principalmente, para a aprendizagem das habilidades de leitura e escrita”.
O RTI – Modelo de Resposta a Intervenção – como modelo de intervenção preventiva nas dificuldades de aprendizagem, através de perspectivas inclusivas, tem potencial para minimizar impactos com problemas de aprendizagem e comportamento. Ele pode facilitar esse processo, com uma intervenção avaliativa, no sentido de auxiliar as crianças de acordo com as suas dificuldades e/ou particularidades.
É um programa baseado em pesquisas e apresentado por multicamadas que facilita o desenvolvimento das nossas crianças em idade escolar. Este modelo “tem como objetivo central monitorar o progresso do educando para tomada de decisões baseadas em dados referentes ao ensino…favorecendo a identificação precoce de crianças com déficits reais e que se configuram público para serviços de educação especial ou inclusiva” (Batista e Pestum, 2019). Muito utilizado no exterior e realizado com atividades e instrumentos de triagem e identificação precoce de dificuldades e/ou possíveis transtornos nas habilidades escolares, além dos comportamentos que podem interferir no processo de desenvolvimento. De acordo com a resposta à intervenção nas camadas iniciais, o estudante será direcionado para intervenções mais específicas e de acordo com suas particularidades.
Os níveis de resposta à intervenção são divididos em três, diminuindo os casos de falso-positivos bem como os falsos negativos para transtornos de aprendizagem.
- Participam todos os estudantes em ambiente escolar onde ocorrerá um monitoramento do progresso da criança, como uma sondagem breve que o professor analisa, comparando o progresso do estudante com ele mesmo.
- Participam crianças em risco de dificuldades. Intervenção específica em pequenos grupos para reavaliar a curva do progresso, com uma intervenção avaliativa, levando em conta questões ambientais, sociais e biogenéticas.
- Crianças com dificuldades, priorizando o atendimento individual, de acordo com as particularidades e necessidades do estudante. Geralmente nesse nível, pode ser realizada a avaliação interdisciplinar que é de grande valia para encontrarmos um ponto de partida na intervenção individualizada a ser realizada.

Segundo Batsche et al., 2005, os programas baseados em evidência, como o RTI, são modelos de intervenção que apresentam um resultado autêntico no desenvolvimento dos estudantes. Infelizmente, na educação brasileira, não evidenciam número significativo de processos de prevenção e identificação precoce, esperando que as dificuldades de aprendizagem apareçam nos anos de alfabetização para assim sugerir intervenções.
Devemos ressaltar que o RTI desenvolve um grande papel, auxiliando no desenvolvimento e melhoria no ensino geral, principalmente para as habilidades de leitura, pois várias pesquisas recentes destacam resultados significativos em uma grande parte de estudantes que participam de programas de intervenção precoce, com melhor desfecho comportamental em crianças com dificuldades de aprendizagem. (Fletcher et al., 2009; Fuchs et al., 2003), visto que, quando falamos de habilidades escolares e lembramos que o ser humano é biopsicossocial, devemos buscar todas as estratégias funcionais para a descoberta das principais dificuldades e/ou particularidades que o indivíduo apresenta.
Fontes:
Skinner, B.F. (1968). The technology of teaching. Appleton-Century-Crofts.
Batista, M., & Pestun, M. S. V.. (2019). O Modelo RTI como estratégia de prevenção aos transtornos de aprendizagem. Psicologia Escolar E Educacional, 23, e205929. https://doi.org/10.1590/2175-35392019015929
- AC Machado, MA Almeida – Revista Psicopedagogia, 2012 – pepsic.bvsalud.org
- ARTIGOS • Rev. Bras. Educ. 21 (66) • Jul-Sep 2016 – Almeida, Roselaine Pontes de; Piza, Carolina Julien Mattar de Toledo; Cardoso, Thiago da Silva Gusmão; Miranda, Mônica Carolina.
Autoras:
Patrícia N Carvalho – CRP 06/62779 é Psicopedagoga na Clínica Inclúdere.
Psicóloga graduada na Faculdades Integradas de Ciências Humanas, Saúde e Educação de Guarulhos – Campus Barão de Mauá, Psicopedagoga clínica e institucional, especialista em Transtornos Comportamentais Escolares e estudante de neuropsicologia clínica.
Pós- Graduanda em Neuropsicologia
Patricia Sorrentino. M, A, Psicopedagoga- (ABPp 13108) e Analista do Comportamento.
Diretora Técnica na Clínica Inclúdere e responsável pelo setor de Psicopedagogia.